Pensando Famílias vol. 12, nº 2

A Pensando Famílias vol. 12, nº 2, apresenta nesta edição artigos de autores nacionais e internacionais sobre temas de casal e família, com ênfase em textos clínicos e pesquisa, onde podemos nos deleitar com a leitura sobre os pensamentos e reflexões de autores renomados.
Os autores nacionais escrevem sobre temas como donjuanismo, infertilidade, orientação profissional e terapia sistêmica, doença terminal na família, limites, transtorno pós-traumático.
Contamos com artigos de Pauline Boss (USA) e Juan Luis Liñares (Espanha).

Com o desenvolvimento da terapia de família, percebemos sempre novos pensamentos e idéias no intuito de integrar os sentimentos individuais e os familiares. Entendemos o indivíduo como pertencendo a um grupo familiar e a um meio social, os quais contribuem diretamente na construção de sua maneira de ser, de sentir de se comportar.

Nesta edição, os artigos mostram a preocupação com a integração do indivíduo, o seu mundo interno, com o mundo relacional, quer relações familiares como relações sociais dentro de um contexto amplo.

Iniciamos a edição com P. Boss apresentando-nos suas idéias sobre casais de idosos, sobre a independência e apego nesses casais. Conta-nos um pouco do que vivenciou com C. Whitaker, com quem fez co-terapia. Escreve sobre os motivos de Whitaker falar sobre a fusão de casais idosos. A autora refere que a individuação e a auto-suficiência são importantes no casamento de jovens, mas a fusão passa a ser uma necessidade entre os idosos.

J. L. Linares escreve sobre a dimensão individual e relacional como complementares e não antitéticos, integrando o passado e presente. Linares diz que a personalidade é construída pela nutrição relacional, referindo que as duas importantes dimensões que definem a atmosfera relacional são a conjugalidade e a parentalidade, às quais delimitam três áreas de disfunções: triangulações, privações e caotizações. Sobre estas disfunções os transtornos de personalidade assentam suas bases.

T. Almeida escreve sobre a dinâmica afetiva denominada Síndrome de donjuanismo, indivíduos que demonstram uma necessidade de seduzir continuamente, mas não conseguem manter o relacionamento amoroso. O autor faz uma revisão bibliográfica da síndrome, caracteriza o portador e as possibilidades de seu relacionamento amoroso.

T. O. Luchi traz as questões intrapsíquicas e inter-relacionais dolorosas dos casais em que um de seus membros apresenta infertilidade. A autora descreve o processo desde a descoberta até o desejo de efetivar a adoção, utilizando o espaço terapêutico para a construção de uma parentalidade afetiva adequada e segura.

As autoras C. F. N. Diniz e R. C. Romangnoli apresentam o tema da escolha profissional, integrando a terapia familiar sistêmica com o trabalho teórico/prático da orientação profissional, ilustrando com a apresentação de um caso clínico as construções das narrativas realizadas pela jovem atendida.

R. R. Santos, partindo de um caso clínico, traça reflexões sobre a terapia realizada com uma família com um membro apresentando uma doença terminal. Em seu trabalho, mostra as dificuldades e necessidades em falar sobre a doença e a morte próxima, tendo como finalidade a possível reorganização da família. Relata também seus sentimentos frente à morte, perda e dor da família.

A. S. Zanonato comenta o trabalho de R. R. Santos, acrescentando suas contribuições como o luto antecipatório e sentimentos sobre a difícil questão da morte na família.

M. L. Munhoz apresenta uma pesquisa qualitativa realizada com pais, professores e filhos/estudantes com a finalidade de conhecer o que pensam sobre a imposição de limites. O objetivo da pesquisa é facilitar a parceria educativa entre família e escola na promoção de formas adequadas para o estabelecimento de limites.

G. Pulcherio, M. Strey, D. Fensterseifer, P. Sarti e C. Pinent apresentam pesquisa sobre a exposição de dependentes químicos a eventos traumáticos. Os pacientes foram atendidos no Instituto de Prevenção e Pesquisa em Álcool e outras Dependências – IPPAD, de Porto Alegre. Após o estudo efetuado, os autores concluem que os dependentes químicos têm vulnerabilidade e alta prevalência de exposição a eventos traumáticos sendo fundamental a realização de avaliação sobre a existência de traumas na vida passada dos pacientes como fator preventivo de TEPT crônico.

Desejamos a todos uma boa leitura.

Helena Centeno Hintz

O Mito da Independência em Casamentos de Idosos: A Mesa de Centro de Whitaker e a Perda Ambígua na Demência[1]

Pauline Boss[2]

Resumo
Este artigo tem o objetivo de aprofundar a compreensão das características particulares dos casais idosos, seja no atendimento profissional de filhos e filhas de pessoas mais velhas ou no trabalho direto com casais de idosos.
Palavras-chave: perda ambígua, casais idosos, resiliência.


The Myth ofIndependence in Older Marriages: Whitaker’s Coffee Table and the Ambiguous Loss of Dementia

Abstract
Whether we work professionally with sons and daughters of the elderly or the older couples themselves, this article is meant to deepen our understanding of what is unique about elderly couples.
Keywords: ambiguous loss, elderly couples, resilience.

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[1] Partes deste artigo foram adaptadas do livro: Boss, P. (2006) Loss, Trauma, and Resilience. New York: W. W. Norton.
[2] Professora Emérita – University of Minnesota. Pauline Boss

A Personalidade e Seus Transtornos Sob uma Perspectiva Sistêmica

Juan Luis Linares[1]

Resumo
A personalidade pode ser definida como a dimensão individual da experiência relacional acumulada, em diálogo entre passado e presente, e duplamente contextualizada por um substrato biológico e um marco cultural. A nutrição relacional é o motor que constrói a personalidade, partindo de uma narrativa da qual se segrega a identidade, em estreito contato com a organização e a mitologia dos sitemas de pertencimento e muito especialmente da família de origem. As duas grandes dimensões que definem a atmosfera relacional desta, a conjugalidade e a parentalidade, delimitam três áreas de disfuncionalidade, as triangulações, as privações e as caotizações, sobre as quais os diversos transtornos de personalidade assentam suas bases.
Palavras-chave: Identidade; narrativa; organização; mitologia; nutrição relacional; conjugalidade; parentalidade; triangulações; privações; caotizações.


Personality and Their Disorders Under the Systemic Perspective

Abstract
Personality may be defined as the individual dimension of relational experience, in dialogue between past and present and under a double context: the biological underground and the cultural frame. Relational nurturing is the motor that helps to build the personality, beginning from a narrative activity which segregates identity in a second step. The process of building individual personality is closely related to the organization and the mythology of the systems of pertaining, especially the family of origin, whose two great dimensions defining the relational atmosphere are conjugality and parentality. In the crossroad, three dysfunctional areas appear: triangulations, privation and chaos, where the roots of the personality disorders can be found.
Keywords: Identity, Narratives, Organization, Mythology, Relational nurturing, Conjugality, Parentality, Triangulations, Privation, Chaos.

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[1] Professor Titular de Psiquiatria da Universidad Autónoma de Barcelona.
Juan Luis Liñares

O Donjuanismo do Novo Milênio

Thiago de Almeida[1]

Resumo
Na literatura, um dos grandes expoentes da manipulação amorosa foi Don Juan. Na vida real, os psicólogos e psicoterapeutas tomam conhecimento de uma nova dinâmica afetiva denominada Síndrome do donjuanismo. O donjuanismo representa um protótipo particular de comportamento humano. Os “Don Juans” da atualidade em muito se assemelham ao da ficção: são pessoas que precisam seduzir todo o tempo. E “Don Juans” contemporâneos prejudicam tanto homens quanto mulheres. Este artigo, que se trata de uma revisão bibliográfica a respeito da chamada Síndrome do Donjuanismo, trata a respeito da caracterização e de possíveis encaminhamentos para portadores e para pessoas que entabulam relacionamentos com seus afetados.
Palavras-chave: relações homem-mulher; amor.


“Donjuanism” in the Third Millennium

Abstract
In literature, one of the great exponents of loving manipulation was Don Juan. In real life, psychologists and psychotherapists acknowledge a new affective dynamics called “Donjuanism Syndrome”. The “Donjuanism” represents a particular archetype of human behavior. The “Don Juans” of present time are very similar to the one in fiction: they are people who need to seduce all the time. And “Don juans” currently harms both men and women. This article, deals with a bibliographical revision regarding the so call “Donjuanism Syndrome” and the characterization and possible copings for carriers and people having contact with them.
Keywords: men-women relationships; love.

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[1] Psicólogo. Mestre pelo Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e doutorando do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
Thiago de Almeida

A Aventura do Casal: Da Infertilidade à Adoção

Tania de Oliveira Luchi[1]

Resumo
Este trabalho tem como objetivo descrever os processos emocionais que permeiam as relações do casal desde a descoberta da infertilidade por um de seus membros, até a decisão de ter um filho através da adoção. Questões intrapsíquicas e inter-relacionais extremamente dolorosas e ameaçadoras são vivenciadas pelo casal, que pode se beneficiar de um espaço terapêutico onde essas questões devem ser reconhecidas e explicitadas. Quando um casal infértil elabora a desilusão por sua incapacidade de gerar filhos biológicos, e responde a essa impossibilidade com o desejo de formar uma família através da adoção, necessita construir uma parentalidade afetiva para acolher, como seu, um filho nascido de outros. A terapia sistêmica de casal é considerada aqui um recurso importante pela sua capacidade de trabalhar os aspectos emocionais do casal e contextualizá-los, assim como, explorar as relações com os outros sistemas envolvidos. Descrever esse processo é o escopo deste trabalho.
Palavras-chave: infertilidade; família; casal; terapia de casal; adoção.


The Couple’s Adventure: From Infertility to Adoption Abstract
This paper aims to describe the emotional processes that permeate the relationship of couples since the discovery of infertility by a member of the couple, until the decision to have a child through adoption. Extremely painful and threatening intra-psychic and inter-relational issues are experienced by the couple, who can benefit from a therapeutic area where these issues should be acknowledged and explained. When an infertile couple elaborates their disappointment by its inability to generate biological children, and responds to that impossibility with the desire of forming a family through adoption, this couple needs to build-up an affectionate parenting skill for the purpose of welcoming a child born by others. Systemic therapy for couples is considered here, as an important resource for its ability to work on the emotional aspects of the couple, to contextualize them, as well as explore their relationship with other systems involved. Describing this process is the scope of this work.
Keywords: infertility; family; couples; couple therapy; adoption.

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[1] Psicóloga, psicoterapeuta de família e casal, fundadora e diretora do Grupo de Apoio à Família e à Adoção de Petrópolis-GAFAP. Especialista em Psicologia Clínica; Membro Titular da Associação de Terapia de Família do Rio de Janeiro-ATF-RJ; Especializaçãoem Terapia Familiar Sistêmica, Núcleo Pesquisas – RJ; Curso de Terapia Familiar Sistêmica, Centro Milanese de Terapia della Famiglia-Milão, Itália; Curso de Trabalho social com Famílias na Abordagem Sistêmica, ABTH-RJ.

Tania de Oliveira Luchi

As Narrativas do Jovem e sua Família: Articulando a Terapia Familiar Sistêmica à Orientação Profissional

Carolina Ferreira Nogueira Diniz[1]
Roberta Carvalho Romagnoli[2]

Resumo
Este artigo tem como tema o estudo das construções de narrativas que são efetuadas pelos jovens e atravessadas pela família acerca da sua escolha profissional. Tem como objetivo tecer articulações entre a terapia familiar sistêmica e o trabalho teórico/prático da orientação profissional, apresentando um caso clínico. A ênfase foi dada ao diálogo e à conversação como práticas sociais transformadoras e à concepção dos sistemas humanos como sistemas lingüísticos e geradores de significados por meio da rede de relações construída na linguagem. Neste sentido, concluímos que a família tem um papel fundamental, ora oferecendo narrativas que ensejam a construção de outras também saudáveis, ora trazendo narrativas rigidificadas e paralisantes. Na situação apresentada, a participação da jovem se deu no sentido de receber tais contribuições e avaliar sua própria participação em sua reconstrução, seja para si ou até mesmo para o grupo familiar. Palavras-chave: orientação profissional; adolescência; terapia familiar sistêmica.


The narratives of young and its family: articulating systemic family therapy and professional orientation

Abstract
This article’s topic is the study of the narrative constructions made by young people and traversed by their family concerning their professional choice. The study’s objective was weaving articulations between systemic family therapy and the theoretical/practical work of professional orientation, exposing a clinic case. We emphasized dialogue and conversation as transforming social practices and human systems conception as linguistics systems and meaning generators through language built relations net. In this sense, we realized that family plays a fundamental part, either by offering narratives that lead to other healthy ones, or by bringing up rigidifying and paralyzing narratives. In exposed situation, the youngster’s participation consisted in receiving those contributions and evaluating her own participation in her reconstruction, either for herself of for her family group.
Keywords: professional orientation; adolescence; systemic family therapy.

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[1] Psicóloga, mestre em psicologia pela PUC-Minas, especialista em orientação profissional e com formação em terapia familiar sistêmica. Professora adjunta do Centro Universitário Newton Paiva.
[2] Psicóloga, mestre em psicologia social pela UFMG, doutora em psicologia clínica pela PUC/SP, professora adjunta III do Departamento de Psicologia da PUC-Minas/ Núcleo Universitário Betim.

Carolina Ferreira Nogueira Diniz e Roberta Carvalho Romagnoli

A Terapia Com Foco Positivo Num Contexto de Doença Terminal e Seus Efeitos na Reestrutura de uma Família

Roberta Rodrigues Santos

Resumo
O presente artigo propõe uma reflexão, a partir da citação e análise de um caso clínico, sobre como se pode realizar uma terapia com foco positivo, diante de um contexto de doença terminal em um sistema familiar. São enfocadas as dificuldades e necessidades em se falar sobre a doença, assim como sobre a morte, a fim de promover uma reorganização dos membros da família. Através desse caso foi possível acompanhar diferentes etapas da doença: desde o momento do diagnóstico da doença crônica terminal, como durante seu tratamento clínico até a inevitável morte do paciente portador da mesma. Também descreve o papel e as dificuldades da família diante de tal realidade.
Palavras-chave: doença crônica; morte; reestruturação; sistema familiar.


Positive Focus Therapy in Terminal Disease Context – Effects on Family Re-Organization

Abstract
This article has the goal to make reflections based on a citation and an analysis of a case report, giving emphasis in the possibility to perform therapy with positive focus in a terminal disease situation. Emphasis is particularly given to the difficulties and needs of talking about illness and death itself, in order to promote the re-organization of family members through out the different stages of illness: from the moment of the diagnosis of the chronic terminal disease, to the clinical treatment and the patient’s impending death. The article will describe the main role and difficulties of the family in dealing with this reality.
Keywords: Chronic disease; death, re- organization, family system

Roberta Rodrigues Santos

Comentários sobre A Terapia com Foco Positivo sobre um Contexto de Doença Terminal e Seus Efeitos na Reestrutura de uma Família

Comments about Positive Focus Therapy in Terminal Disease Context – Effects on Family Re-Organization


Adriana Selene Zanonato[1]

O Rio e o Oceano
Dizem que, antes de cair no Oceano, o Rio treme de medo.
O Rio olha para trás, para toda a jornada:
os cumes, as montanhas,
o longo caminho sinuoso através das florestas,
através dos povoados,
e vê à sua frente um Oceano tão vasto,
que pensa que entrar nele nada mais é do que desaparecer.
Mas não há outra maneira.
O Rio não pode voltar.
Ninguém pode voltar o curso de um rio.
A existência segue sempre para frente.
Somente quando o Rio entra no Oceano é que o medo desaparece.
Isso porque apenas ali ele se dá conta de que não se trata de desaparecer no Oceano,
mas sim de tornar-se Oceano.
Por um lado é desaparecimento, por outro é renascimento.
Por um lado é perder-se, por outro é ampliar-se muito além do já esperado.
É só e pura transformação. Assim somos nós…
Voltar o curso da existência é impossível.
Nós só podemos ir em frente, arriscar.
Corajosamente tornamo-nos Oceano.

(autor desconhecido)


Comentar um trabalho sobre o tema da morte nas famílias é sempre um desafio – em parte pela importância do tema, em parte pelo que desperta dentro de nós. O trabalho apresentado por Roberta aborda o tema fundamentado na visão de alguns estudiosos do assunto e ilustrado pela história do atendimento de um rico caso clínico, o acompanhamento de uma família em que a mãe padece de uma doença terminal. Descreve em seu trabalho todo o doloroso processo de seu final de vida e as repercussões disso em sua família e na terapeuta.

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[1] Psicóloga Clínica, Terapeuta Familiar e de Casais.
Especialistaem Terapias Cognitivo-comportamentais.
Formação em Hipnoterapia Ericksoniana.
Formação em EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing).
Professora e Supervisora do Instituto da Família de Porto Alegre.
Diretora de Comunicação, publicação e divulgação da AGATEF- Associação Gaúcha de Terapia Familiar, Gestão 2008-2010.

Adriana Selene Zanonato

Família e Escola Numa Conversação Interativa Sobre Limites

Maria Luiza Puglisi Munhoz[1]

Resumo
Objetivando o aprimoramento da aprendizagem humana, desenvolvemos uma pesquisa qualitativa para conhecer o que pensam os pais, os professores e os filhos/estudantes a respeito das imposições de limites, quando e como adotá-los, objetivando criar formas consensuais e facilitadoras para as relações escolares e familiares, como parceiras na função educativa de seus membros. Apoiando-nos na visão relacional sistêmica, elaboramos questões para conhecer quais temas interessavam aos participantes. Organizamos um encontro, inicialmente, entre pais, professores e filhos/estudantes, e no final, abrimos para discussão entre os três sistemas presentes, utilizando a metodologia Conversação Interativa, que nos possibilitou obter as declarações intracategorias e entre as três categorias. Obtivemos opiniões divergentes indicando que os pais se defendem justificando suas condutas, enquanto professores acreditam que os limites são assimilados com as vivências e amadurecimento pessoal. Entre os filhos/estudantes: as meninas aceitam os limites como ordem e proteção e os meninos os questionam de maneira desafiadora.
Palavras-chaves: concepções de limites; teoria sistêmica; pesquisa qualitativa, conversação interativa.


Family and School in an Interatictive Conversation About Limits

Abstract

Aiming at improvement of human learning we developed a qualitative research to find out parents, teachers and students think about the imposition of limits (how to employ it and when),and to create consensual forms to facilitate the relation between family and schools as partners in the educational process. Using a relational systemic view, we have elaborated a certain number of questions to know which themes were most interesting to the participants. We organized a meeting between parents, teachers and students and let them discuss freely (using the Interactive Conversation methodology). As a result, we obtained different opinions showing that parents defend themselves, justifying their conducts, while teachers believe that limits are assimilated by personal development during the aging process. Among students the girls accept the limitations as a protection, and the boys question it in a challenging way.
Keywords: limits, systemic theory, qualitative research, interactive conversation.

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[1] Psicóloga, Mestre e Doutora em Psicologia Clínica pela USP/SP. Especialista em Família e Casais pela NUFAC/SP, Professora Titular e Coordenadora do Núcleo de Família do Programa de Mestrado em Psicologia Educacional da UNIFEO/SP, associado fundador de ABRATEF e vice-presidente da APTF – gestão 2008-2010.

Maria Luiza Puglisi Munhoz

Eventos Traumáticos, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e Problemas Legais em uma Amostra Clínica de Usuários de Substâncias Psicoativas[1]

Gilda Pulcherio[2]
Marlene Strey[3]
Daniel Fensterseifer[4]
Paulo Sarti[5]
Carlos Pinent[6]

Resumo
Objetivos: Investigar a exposição a eventos traumáticos em dependentes químicos atendidos no Instituto de Prevenção e Pesquisa em Álcool e outras Dependências, de Porto Alegre. Métodos: Estudo com 40 pacientes do sexo masculino entre 18 e 63 anos. Responderam aos seguintes instrumentos de auto-relato: lista de 19 eventos traumáticos específicos em acordo com o DSM-IV, questionário de dados sócio-demográficos, Davidson Trauma Scale e Beck Depression Inventory. Realizaram-se análises descritivas das variáveis com um intervalo de confiança de 95%. Resultados: Dos 95,0% dos dependentes químicos que foram expostos a pelo menos um evento traumático ao longo da vida, 65,4% relataram exposição a quatro ou mais eventos. O evento mais prevalente, 67,5%, foi Morte súbita e inesperada de amigo próximo ou parente. Entre as agressões violentas, 59,7% já foram assaltados ou ameaçados com arma e 42% já sofreram espancamento. Um terço dos pacientes considerou a Morte súbita e inesperada de amigo próximo ou parente como o ‘pior’ trauma de sua vida. Conclusões: Pela vulnerabilidade dos dependentes químicos e alta prevalência de exposição a eventos traumáticos é de fundamental importância a avaliação de traumas na história dos pacientes, como fator preventivo do TEPT crônico e tratamento dos portadores deste transtorno comórbido.
Palavras-chave: eventos traumáticos, dependentes químicos, estresse pós-traumático.


Traumatic Events, Posttraumatic Stress Disorder (PTSD) and Legal Problems in a Clinic Sample of Drug Users

Abstract

Objectives: to investigate the exposure to traumatic events in substance users assisted at the Instituto de Prevenção e Pesquisa em Álcool e outras Dependências, in Porto Alegre . Methods: Study with 40 male patients, ages ranging from 18 to 63. They have answered to the following self-reports instrument: a list of 19 specific traumatic events according to the DSM-IV criteria, socio-demographic data questionnaire, Davidson Trauma Scale and Beck Depression Inventory. Descriptive analyses of the variables were performed with a confidence interval of 95%. Results: Of the 95,0% of the substance users who were exposed to at least one traumatic lifetime event, 65,4% have reported exposure to four or more events. The most prevalent event, 67,5% was sudden and unexpected death of a close friend or relative. Among the assaultive violence, 59,7% had already been mugged or threatened with a weapon and 42% were beaten. One third of the patients considered sudden and unexpected death of a close friend or relative as the “worst” trauma in their lives. Conclusions: Due to the high prevalence and vulnerability of substance users to exposure traumatic events, the trauma evaluation in the patients’ history is essentially important as a preventive factor of the chronic Posttraumatic Stress Disorder and treatment of these comorbid disorders.
Keywords: traumatic events, substance user, posttraumatic stress.

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[1] Pesquisa realizada no Instituto de Prevenção e Pesquisa em Álcool e outras Dependências – IPPAD, Porto Alegre/RS.
[2] Psiquiatra, Mestre em Psicologia Social, PUCRS. IPPAD, Porto Alegre/RS.
[3] Psicóloga, Professora Programa de Pós-graduação em Psicologia Social, PUCRS. Porto Alegre/RS. IPPAD
[4] Advogado, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Penais. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Porto Alegre/RS. IPPAD.
[5] Biólogo, Mestrando Programa de Pós-graduação em Biologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). São Leopoldo/RS. IPPAD
[6] Estatístico, Professor Programa de Pós-graduação em Educação, Matemática e Estatística, PUCRS. Porto Alegre/RS. IPPAD.

Gilda Pulcherio; Marlene Strey, Daniel Fensterseifer; Paulo Santi e Carlos Pinet